Cheguei pela primeira vez em A.A. há mais de 15 anos. Fui pela minha ex-esposa, atualmente minha melhor amiga. Não causei danos físicos à ela e minhas duas filhas. Porém, por vários anos, negava meu modo compulsivo de beber, escondendo garrafas em vários lugares da casa. Tentamos fazer terapia de casal, e um dia, a psiquiatra pediu-me para ir sozinho à sessão. Ela disse que não poderia mais me ajudar, ou ao casal. Chorei como criança, mas ela disse que poderia haver uma solução, e deu-me o cartão de um grupo de A.A. e vários folhetos.
Fui pela primeira vez numa reunião na hora do almoço. Entretanto, depois que ingressei, não consegui manter a sobriedade. Meu casamento desmoronou, engordei até chegar aos 137 kg e fiz uma cirurgia bariátrica, que só fez disparar o gatilho da bebida de novo. Tive algumas internações voluntárias e involuntárias. Fiz uma fuga geográfica para Porto Velho/RO, de onde vim resgatado direto para um hospital em São Paulo, onde fiquei entre a vida e a morte.
Ingressei novamente na Irmandade e estou fazendo o sugerido, com o coração. Faço por mim, não pelos outros. Tenho hoje pouco mais de um ano de sobriedade, possuo emprego, e minha espiritualidade evolui a cada dia. Tenho dois padrinhos que me ajudam na recuperação, e traço metas para um dia, ter um lugar para chamar de casa, onde possa receber meus companheiros de irmandade e minha família. Atualmente estou num residencial terapêutico, mas sou grato por ter um teto, um prato de comida, e um grupo de A.A. onde fortaleço minha recuperação para desfrutar, um dia, de uma vida útil, serena e feliz.