Av. Jabaquara, 2876 – Sala 2

Ingressei em A.A. aos 41 anos, quando percebi

Ingressei em A.A. aos 41 anos, quando percebi que minha forma de beber havia me levado ao isolamento e estava minando cada vez mais minha vida. Bebi desde os 16 anos, sempre de uma forma intensa, para ficar bêbada ou no mínimo alta. Mas pensava que meu jeito de beber era normal, sempre entre amigos e levando a vida de maneira funcional, com trabalho, família, etc. Porém, após uma crise pessoal que abalou todas as minhas estruturas, encontrei na bebida uma forma de anestesiar minhas noites. As doses foram aumentando e eu bebia antes e depois das festas, já chegava aos lugares embriagada, e só parava de beber quando desmaiava na minha cama.

Comecei a perder compromissos de trabalho, a ir a reuniões com clientes depois de ter bebido. Percebi que estava perdendo o controle, mas não queria admitir a derrota e minha impossibilidade de continuar bebendo. Passei a frequentar uma igreja, na esperança de que a espiritualidade me trouxesse alento para  a culpa e o vazio que a autodestruição estavam me trazendo. Penso que ali se abriu uma fresta de humildade, levando-me reconhecer que eu precisava de ajuda.

Um dia, acordei trêmula e sem condições de levantar da cama. Fiquei muito assustada com as reações do meu corpo e percebi que estava me matando aos poucos. Naquele dia, tomei a decisão de ir a uma reunião de Alcoólicos Anônimos. Ali, falei abertamente sobre meus medos, angústias, minhas culpas por descartar tantas garrafas, por gastar 30% do que eu ganhava em bebida e por estar acabando comigo mesma.

Fui compreendida e encorajada a não beber naquele dia e a voltar no dia seguinte. Assim tenho feito, há 4 anos. Em A.A. me explicaram que tenho uma doença, que não depende da minha capacidade poder controlar o álcool, mas depende da minha boa vontade conseguir evitá-lo por 24 horas.

Hoje eu tenho uma vida boa, serena e em harmonia. Tive oportunidade de me conhecer e entender os motivos que me levaram a beber como eu bebia, a perdoar-me e a perdoar meu passado. Hoje, sinto-me bem comigo mesma. Posso ser útil a quem chega com os mesmos problemas que eu cheguei um dia. Vivo uma vida normal, em equilibro, se eu não ingerir esse primeiro gole só por hoje.